Fé e Devoção: O trabalho que transforma vidas no Santuário de Aparecida
Por Letícia Botan

Funcionários participando de ações no dia 12 de outubro
Foto: Acervo Santuário de Nossa Senhora de Aparecida
“Acolher bem também é evangelizar!” Esse é o lema dos funcionários do Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, localizado em Aparecida, no interior de São Paulo. Todos os anos o local recebe milhões de fiéis, com muito amor e hospitalidade.
De acordo com o balanço feito pelo próprio Santuário, a Basílica foi o destino de mais de 8,8 milhões de devotos durante todo o ano de 2023. Com base nos dados lançados, o mês mais movimentado foi setembro, com 919 mil visitantes ao longo dos 30 dias. Apesar disso, o dia com a maior concentração de pessoas em todo o ano foi 12 de outubro, quando se comemora o Dia Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil. Já o período completo da novena e festa, 3 a 12 de outubro, recebeu cerca de 334 mil fiéis.
Para receber todos os visitantes com muito carinho, o santuário conta com uma equipe de 2500 funcionários, que atuam nas mais diferentes áreas e se dedicam dia e noite para acolher bem e proporcionar uma experiência de fé inesquecível para todos os devotos. Porém, no período de novena e festa da padroeira, é necessário fortalecer a equipe, e para isso 1000 voluntários reforçam os serviços, buscando contribuir e apoiar os colaboradores durante os movimentados dias de outubro.
De acordo com Marcos Malta, funcionário no setor de marketing do santuário há mais de 20 anos e voluntário desde a década de 1980, os preparativos para a novena e para o dia 12 de outubro começam logo em janeiro e vão a todo vapor ao longo do ano. “O Santuário todo se prepara, estuda o que vai acontecer, aonde que vai montar cada coisa, como a tenda dos peregrinos, como vai ser a distribuição dos convidados para a Novena e tudo mais.”
Além de toda a preparação na estrutura, Marcos também explica a importância e as responsabilidades do departamento de comunicação do Santuário. “O departamento de imprensa é responsável pelas pessoas que vêm até aqui para fazer entrevistas, o que é essencial, pois eles que irão divulgar tudo que acontece na novena, por meio das fotos e reportagens coletadas.”
Aparecidense de 61 anos, Marcos é católico e devoto assíduo de Nossa Senhora e se sente em casa trabalhando lá, apesar de toda a correria e loucura que o trabalho possa proporcionar. “Eu me sinto bem aqui, aqui é a casa da mãe e como dizemos: É bom estar onde a mãe está! E se eu não estiver aqui, eu sinto essa falta de mãe, falta de carinho e de atenção.” O funcionário também relata que já sentiu vontade de mudar, mas que o santuário é o seu lugar, “Eu tenho vontade de morar na praia, seria legal, mas como é que eu vou ficar longe daqui? Será que é isso que eu quero mesmo? Então eu penso: Não, a minha casa ainda é aqui!” conta, Marcos.
Além de se sentir em casa, Marcos explica que todo ano é uma emoção diferente e que busca tocar no coração de cada um que vai até a Basílica. “Para nós, o sentimento é de que se a gente conseguir tocar um coração. E quando você vê os peregrinos, as pessoas acompanhando pela televisão ou ao vivo, a música, as imagens, as palavras, o sermão do padre, você vê que a pessoa penetra e sente aquela emoção sendo tocada.”
Marcos também conta um momento que marcou sua carreira, quando uma pessoa o abordou e perguntou: "O que que tem ali em cima na imagem que todo mundo volta chorando?” Marcos não soube explicar e sugeriu que a pessoa fosse até lá para descobrir e te contasse depois, assim, a pessoa logo entrou na fila para ver a imagem de Nossa Senhora e Marcos ficou na saída esperando. “Ela foi e quando voltou eu encontrei com ela, que já estava gaguejando e com os olhos marejados. Então perguntei: O que você sentiu? E ela falou: eu não sei também, é uma magia, algo diferente.” Então Marcos falou: “Cada um tem um sentimento, uns agradecem, uns choram e uns até dão risada e isso é a fé.”
E a emoção de trabalhar em um lugar como a basílica é sentida independentemente da idade e do tempo de trabalho, para Ana Júlia Aparecida Florêncio, de apenas 20 anos, é uma honra estar onde a Mãe está. Ana Júlia, que carrega Aparecida até no nome, trabalha na comunicação do santuário há pouco mais de dois anos, como produtora e recentemente apresentadora na Rádio Pop.
“Deus e Nossa Senhora de Aparecida são a minha base e comigo trabalhado aqui, eu sinto como se eles estivesse me usando como instrumento, ajudando na fé de tantas pessoas”, comenta Ana Júlia sobre seu trabalho.
“Intensos”, assim ela define os dias de festa e novena, “Por mais que as preparações maiores sejam no dia 11 e 12, pela Rádio Aparecida, quando vai chegando à semana também cobrimos os eventos e a novena e isso vai além de trabalho, vemos muitas pessoas chegando e isso aquece o coração.”
Para ela, um momento que marcou até então foi durante a cobertura do dia 12 em 2023, onde uma senhora de Fortaleza participou do terço ao vivo pela Rádio Aparecida. “Ela foi extremamente atenciosa e por mais que eu não lembre o seu nome, o seu rosto ficou marcado até hoje, porque trabalhamos para eles, para os devotos! Foi algo simples, mas que me marcou”, relata Ana Júlia.
